Friday, June 29, 2012

De volta!

Definitivamente, eu não sou a melhor pessoa para este tipo de actividades, como já deu para perceber. Não é que não aconteçam coisas, ou eu não tenha vontade de escrever, mas não me consigo organizar para o fazer. Acho que são os meus genes de Heitor, incompatíveis com organização. Ou seja, pensamento fértil, actividades imensas, mas dificuldade para concretizar tudo. Uma coisa boa desta estadia aqui, foi o combate aos genes  Heitor, provando que, neste caso, a interacção gene x ambiente resulta. Aprendi a ser mais minuciosa no que faço, a esforçar-me quando não sei, porque aqui ninguém pede ajuda. No entanto, toda essa mudança ainda não conseguiu produzir a disciplina de escrever diariamente. Quem sabe não é o próximo passo!
Hoje decidi-me! Estar sozinha também facilita. Sexta-feira ao fim do dia, um calor infernal, sem disposição para continuar o trabalho e sem companhia achei que seria uma boa dar uma actualizada aqui nas coisas.
Com a chegada do verão, enquanto o Cris ainda aqui estava, decidimos ir fazer um piquenique. Como seria previsível, já começamos com um problema. Na véspera fiz um iced-tea e pus no congelador para ficar bem fresquinho. Enchi a garrafa só até 3/4 para não explodir, mas óbvio que explodiu à mesma. Então, já começámos bem, sem nenhuma bebida, com 30º. Que óptimo! A sorte é que tinhamos bastante fruta, pepino, aipo e cenoura, bem fresquinhos o que minimizou o estrago. Também contou o Cris ser um bom feitio e não reclamar com nada, de tão empolgado que estava com o piquenique na floresta.

Chegámos ao destino. Ao fim de uns 30 minutos à procura de lugar para estacionar e estarmos completamente destilados conseguimos uma vaga. Ao sair do parque de estacionamento, tinha dois caminhos possíveis, um por onde ia toda a gente e outro por onde não ia ninguém. Por onde fomos? Pelo que não ia ninguém, claro! Não queremos fazer um piquenique no meio de toda a gente, evidentemente! O caminho era bonito, por baixo das árvores, mas entre o rio e uma linha de comboio por onde não passa comboio nenhum. Ao fim de 15 minutos a andar, sem a paisagem mudar, começamo-nos a questionar se estariamos bem, já que não havia nenhuma possibilidade de fazer o piquenique, a não ser se sentássemos no meio do caminho. No entanto, ponderámos que já andamos tanto, que seria uma estupidez voltar para trás e continuamos, sempre a char que depois da próxima curva a paisagem mudaria. Já conhecem o filme? Pois, não mudava. Ao fim de mais uns minutos bem largos vimos uma menina que já tinha passado por nós de bicicleta e estava a voltar. Começamos a questionar-nos se o caminho nos levaria a algum lado e decidimos voltar para trás. A esta altura óbvio que já estávamos esfomeados, transpiradíssimos, cansados, mas não desistimos. Vamos para o outro caminho! Quando começamos o outro caminho, vimos um mapa do parque e percebemos que o caminho onde estávamos anteriormente era a trilha de bicicletas, sem saída, claro! Começamos a trilha dos pedestres, desesperados por um lugar para sentar e comer. O Cris sonhava com uma mesa de piqueniques e não se conformava que ia comer no chão. Eu achava que esse nem era o problema, até prefiro à selvagem, porque essas mesas estão sempre cheias de famílias, a maior bagunça e a ideia era interagir com a natureza. Então, a toalha no chão era óptimo, mas tinha que haver chão, já que fora do caminho, não havia como sentar. Procuravamos uma clareira, onde pudessemos estender  toalha, comer, deitar com os nossos livros e fazer uma sesta, mas sem sucesso. Não encontrámos. Então, sentámo-nos na berma do caminho e comemos. Foi tão revoltante que nem tiramos fotografias. Mas o passeio foi super bonito. É bom para andar, não para fazer piquenique, foi a nossa conclusão.

1 comment:

  1. Esta tarde no Furstenburg Park foi mesmo memorável. Sua descrição sobre as nossas peripécias está fantástica. Só preciso retificar um pequeno detalhe. Não trocaria, de jeito nenhum, quando estivesse pensando em um piquenique, a relva por uma mesa. Não por ser uma coisa que em si mesma contraria o princípio do piquenique, já que não se faz mal quando se opta pela quebra do que é suposto, mas por gostar muito mais do piquenique tal qual aparece na imaginação de todos nós. Isto não deve implicar, porém, uma radical experiência telúrica, como foi aquela por que passamos naquela tórrida tarde. O selvagem, às vezes, não é algo muito atraente. Pelo menos para quem está à procura de uma tarde de pachorra. Como é que uma pessoa normal irá querer deitar-se sobre picos, pedras, raízes? A experiência não é das mais aliciantes, nem mesmo para o mais estoico dos ascetas. Caramba, nem mesmo o espírito mais apegado à vida selvagem dispensaria o mínimo de conforto. Até o Thoreau, quando se meteu a viver enfiado no meio do bosque, não deixou de fazer a sua idílica cabana. Por estas e outras, temos que insistir. Havemos de encontrar um outro parque para um piquenique sem tantas pedras, troncos, espinhos, melgas etc.

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