Tuesday, January 31, 2012

Habilidades de Inverno


Para quem não acredita o Cris ficou especialista em limpar o carro da neve. De início, o processo era longo, uns 10 minutos até estar tudo pronto e nós a congelar. Agora, em 3 min 47 seg o carro está prontinho! Nada como a prática para criar agilidade, ehehe.
Aqui vai a foto da nossa (dele) rotina matinal.

Redescobertas




Há bastante tempo que estou para aqui escrever, mas os dias passam tão rápido e à noite, em casa, já não tenho muita energia para aqui vir. Se bem que o meu companheiro ainda é pior que eu, ehehe. Assim, tantas coisas aconteceram que ficaram sem registo. Ficou em falta a descrição do maior nevão do ano, os flocos com 1cm de diâmetro, sem exagero.
Certamente, faltaram tantas outras coisas que marcam no momento e penso "tenho que escrever isto", e não escrevo, e esqueço.
Há dias, enquanto falava com a minha mãe, dei-me conta de como o ter estado fora da cidade, mesmo que por apenas uns dias, me fez vê-la de outra forma. Com o regresso a Ann Arbor passei a sentir que já tenho um espaço aqui. É engraçado como em pouco tempo se constrói uma história e o regresso fez-me sentir isso, que, afinal, pertenço aqui também. Gostei dessa sensação, porque me fez sentir o conforto do regresso a casa. Ao voltar, percebi que já me oriento na cidade e já reconheço os seus cheiros. Foi muito emocionante quando entrei na universidade e reconheci o seu cheiro. Foi uma experiência forte, porque nunca me tinha dado conta do cheiro do edifício, mas quando entrei nele reconheci o cheiro que me era familiar e foi quase como se fosse um reencontro. Foi um reencontro, na verdade. É impressionante como esses pequenos acontecimentos têm um efeito, porque também eu me passei a sentir muito mais à vontade e integrada aqui. Então, tem sido uma boa experiência o regresso (no entanto, continuo a morrer de saudades do barulho do mar e de deitar na areia depois de um banho gelado e sentir o sol a aquecer o corpo, até ficar um quente tão insuportável que tem que voltar a dar outro mergulho. Saudades, mesmo! E da bola de berlim depois do banho, é claro!).
Outra coisa que se foi, nos curtos dias fora, foi a capacidade de falar inglês! Meu deus, que tristeza! Parece que não falo há anos! É impressionante como em poucos dias esqueci tudo o que demorei tanto para articular! Sinto que estou a começar praticamente do princípio. Coitados dos que têm que conviver comigo e ouvir o meu inglês macarrónico. Ainda bem que eu entendo tudo o que eu falo, ehehehhe. É impressionante como aquela provazinha do TOEFL funciona e detecta as nossas fraquezas. O resultado bem que disse que tinha elevados "skills" de compreensão, mas a articulação na fala não tinha o mesmo nível. Não tem mesmo! Espero que alguma vez tenha! É bem frustrante, porque estou a acompanhar o que o outro fala, entendo na perfeição e vou para falar é uma desgraça. Bom, mas o lema aqui é não desistir. E como não tenho hipótese, não desisto. Hei-de lá chegar!
Infelizmente, não tenho muitas fotografias dos últimos dias, mas tentei pôr alguma coisa para irem acompanhando (a foto que parece um erro é a tentativa de fotografar os flocos gigantes. oxalá consigam ver...).

Sunday, January 22, 2012

De volta!

Depois de uma longa distância do blogg (e de tudo o resto, um pouco também, ehehe), apeteceu-me escrever sobre um filme maravilhoso que vimos ontem, "The Artist". Desde Dezembro que estavamos para ver esse filme, mas só ontem nos conseguimos coordenar para o ver e, seguramente, valeu a espera!
Quando vi o anúncio do filme, ele suscitou-me muito a curiosidade por me fazer lembrar o cinema de outros tempos, a que tanto me dediquei durante um certo período da minha vida e de que tanto gostava, mas que deixei de ver. No início fiquei um pouco receosa, com medo que fosse um filme "cliché", de "Crepescúlo dos Deuses", ou "Singin' in the rain", mas tal não aconteceu.
Assistir a esse filme foi uma óptima surpresa porque, de repente, me senti a viajar no tempo. Primeiro, fomos ver o filme num cinema aqui de Ann Arbor super antigo, com tecto abobadado dourado, lustre, palco de orquestra, cadeiras de veludo vermelho. Todo esse cenário, talvez tenha valorizado o filme que viamos. Afinal, esse cinema revelou-se uma óptima escolha (pena que não levei a máquina para vos mostrar o cinema), porque, por momentos também eu me sentia em 1930. Depois, durante o filme, que tratava do cinema mudo e da passagem para um novo tipo de cinema, o falado, essa sensação ia-se confirmando. Foi muito engraçado, porque como nos filmes de antigamente, também a plateia reagia ao filme, com suspiros, risos, sinais de alívio e, o melhor, no fim todos aplaudiram. Foi uma experiência muito boa de se ter!
O filme, praticamente todo ele mudo, fez-nos valorizar outros orgãos sensoriais e, talvez, por não ter diálogos, nos absorvemos muito mais no que estamos a ver, com mais intensidade. Sei que, seguramente, foi dos filmes que mais me sensibilizou nos últimos tempos.

Sunday, January 8, 2012

Jogging versus Sauntering

Aqui nos Estados Unidos o "jogging" é um bem cultural. Pode estar o maior frio, não importa, terá gente na rua praticando "jogging". Achei graça quando testemunhei este costume tão arraigado até nos parques naturais, como o Nichols Arboretum, entre as árvores dos bosques. Um dia estava com Eva, subindo devagar o vale por onde voltei a andar hoje, quando cruzamos com uma senhora que, surpresa com o nosso paço vagaroso, ao nos cumprimentar perguntou: - Onde vai este belo casal com um paço tão suave? Foi aí que me lembrei de outro estado-unidense, de outros tempos, o Thoreau, que era um fervoroso defensor da "arte de caminhar". Cada um tem seus ritmos e manias, assim como cada época tem sua relação particular com o tempo e com o espaço. O Thoreau viveu numa época que, se não era acelerada como a nossa, já estava adulando a velocidade no altar do progresso. Ele diz que mesmo na vida dele, lá nos Estados Unidos do século XIX, só chegou a conhecer duas pessoas que entenderam a "arte de caminhar". Já imaginou o que acharia do "jogging" de hoje em dia? Sobre o estilo de caminhada de que gostava, escreveu: "I have met with but one or two persons in the course of my life who understood the art of Walking, that is, of taking walks, who had a genius, so to speak, for sauntering [...]" Em seguida, passa a explicar o significado da palavra: "which word is beautifully derived from idle people who roved about the country, in the middle ages, and asked charity, under pretence of going à la Sainte Terre" — to the holy land, till the children exclaimed, 'There goes a Sainte-Terrer', a saunterer — a holy-lander. They who never go to the holy land in their walks, as they pretend, are indeed mere idler sand vagabonds, but they who do go there are saunterers in the good sense, such as I mean. Some, however, would derive the word from sans terre, without land or a home, which, therefore, in the good sense, will mean, having no particular home, but equally at home everywhere. For this is the secret of successful sauntering. He who sits still in a house all the time may be the greatest vagrant of all, but the Saunterer, in the good sense, is no more vagrant than the meandering river, which is all the while sedulously seeking the shortest course to the sea. But I prefer the first, which indeed is the most probable derivation." Assim, para Thoreau, "saunter", que no sentido estrito quer dizer deambular, era algo como caminhar pelo simples gozo da caminhada, na busca de algum pensamento, engraçado ou trágico, sobre as coisas da vida. "Let's saunter!"